A sua mobilidade é menor que a dos demais colegas de time, mas somente isso diferencia o jovem Eric Santos de Vargas dos outros integrantes da equipe. O time de basquete do Colégio Estadual Jussara Maria Polidoro, do bairro Guajuviras, participou nesta semana da 37ª edição das Competições Escolares Canoenses (CECA), mas acabou não se classificando para as finais. Entretanto, a grande campeã desta etapa do CECA foi somente uma: a superação.
Aos 2 anos, Eric precisou amputar a perna direita devido à malformação congênita. Desde então, utiliza uma prótese para a sua locomoção. Aos 15 anos, ele passou a integrar o time de basquete da sua escola. Hoje, aos 16, projeta o seu futuro no esporte. “Quero seguir jogando, inclusive em times profissionais, não me sinto prejudicado pela minha condição física”, salienta Eric.
Em todo o mundo, existe a modalidade de basquete adaptado, chamado de basquete em cadeira de rodas, praticado por jogadores que possuem alguma deficiência motora permanente. O esporte é do início do século XX e surgiu com o intuito de reintegrar na sociedade os soldados norte-americanos feridos na 2ª Guerra Mundial, ajudando na reabilitação. O que muitos se perguntam é por que Eric não pratica essa atividade, procurando times que oferecem a modalidade. A resposta é bem simples: “já joguei e não gostei”. Questionado se tem conhecimento de outros casos semelhantes ao dele, Eric afirma que não, mas que isso não o desmotiva. “Meus colegas não me aliviam, jogamos de igual para igual. Não tem essa diferença de tratamento, nem dentro da quadra, nem fora dela”, revela o jovem.
Carinho do comandante
O professor de educação física da escola de Eric, Wilson Henrique Ramos, mais conhecido como China, foi um dos incentivadores do garoto. Em nenhum momento colocou empecilhos para a atividade do menino. “Ele sempre demonstrou interesse nas aulas de educação física e isso já conta muito a favor dele. Fora que é um menino aplicado, esforçado e não se acomoda diante de alguma dificuldade. É um prazer contar com ele no time”, conta.
O professor China relata que o forte da escola sempre foi o futebol, mas que há dois meses vem treinando o time de basquete. O CECA é a primeira competição oficial dos meninos desde que iniciaram a formação da equipe e também a primeira vez que a escola tem representantes neste modalidade nas competições.
Para o futuro, Eric quer seguir jogando basquete, mas na modalidade em que atua hoje. É desta forma que ele quer ver a inclusão no esporte. “Não é que eu não valorize o basquete adaptado. É que eu não me encaixei lá. Por isso, espero que todos os esportes possam ser cada vez mais inclusivos, dando oportunidades para todos que estão dispostos a treinar e evoluir”, finaliza o menino.