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Grupo de Judô da EMEF Paulo Freire se destaca em campeonatos

Em poucos meses, o resultado já é positivo na sala de aula e no quadro de medalhas
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Foto: Derli Colomo Jr

Duas vezes por semana, a quadra da escola municipal de ensino fundamental (EMEF) Paulo Freire, no bairro Guajuviras, gira as engrenagens da transformação social através do esporte. Ali, em tatames vermelhos e azuis, cerca de 50 crianças do bairro aprendem golpes de judô. Seria só mais um grupo de prática esportiva se não fossem as particularidades, boas e ruins, que giram em torno do grupo. Numa comunidade com alto índice de vulnerabilidade social, a Sol Nascente, o judô tem ensinado bem mais do que técnicas e movimentos, ele se transformou numa oportunidade de enfrentamento às dificuldades da vida e na esperança de um futuro melhor. Tudo isso, com apoio de medalhas conquistadas pelos pequenos atletas, que em poucos meses de treinamento, já se mostraram em diversos campeonatos serem talentos do esporte.

Que o esporte é um meio de transformação social, todo mundo sabe, mas que essa realidade ocorre bem pertinho de nossas casas, é gratificante. O pequeno Peterson Medeiros, de 13 anos, gostava de brincar na rua nas horas vagas e, na escola, tinha um comportamento agitado. Desde que entrou para o grupo, essa realidade começou a mudar. Agora, o tempo em que ficava na rua, vulnerável a todos os perigosos físicos e sociais, ele dedica aos treinamentos. Entre um golpe e outro, o menino aprendeu que o caminho para o amanhã melhor passa por essa dedicação. “Agora, eu venho aqui, estou gostando muito, fiz amigos e tenho o sensei (nome dado ao professor de judô) que me ensina bastante coisa. É muito bom e quero seguir no esporte, quando crescer”, disse o tímido entrevistado que no tatame é desinibido.

Ao lado dele, estava o Talé. Imigrante haitiano, o menino usa o judô não só como uma forma de entretenimento, mas também de socialização. Ainda aprendendo o português, ele se insere na nova comunidade através do grupo e também de trocar experiências com os novos colegas. Refugiado de um país em condições de extrema degradação social, ele tem a oportunidade de conhecer a filosofia marcial e também de enxergar um novo futuro, através do esporte.

Bons alunos

Para participar do projeto, há uma condição: ir bem na escola. Ser assíduo e obedecer às regras de convivência na sala de aula e na família são componentes que credenciam os estudantes a integrar o projeto. A diretora da escola, Elizabete Fettuccia, já observa uma mudança naqueles alunos que estão no tatame. “Antes, eles faltavam muito à aula, chegavam atrasados e não tinham um bom comportamento. Hoje, isso mudou bastante. Já temos resultados”, afirma. Ela também destaca que o projeto tem aproximado os alunos dos professores, criando uma melhor harmonia no ambiente escolar.

Grupo se destaca em campeonatos

O grupo, que treina há poucos meses, já se destacou em, pelo menos, 10 competições municipais e estaduais. Motivo de orgulho do sensei Renato Freires. “A comunidade aqui tem alto potencial para prática esportiva, isso colabora para o desempenho deles, que são muito dedicados. Há vários talentos no grupo, que se destaca”, disse. Todos eles, claro, sonham em se tornar profissionais do esporte. É um caminho difícil e exigente. Mas o sensei avisa “só depende de cada um. O caminho já está sendo trilhado”.

No próximo sábado, parte do grupo participa de um campeonato estadual, em Bento Gonçalves, na Serra. A contar pelo talento e determinação dos pequenos, o quadro de medalhas estará maior na próxima semana.

Assessoria de Comunicação

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