Agosto é o mês da amamentação. Conhecido como Agosto Dourado, fazendo uma alusão à preciosidade do leite materno, o mês chama atenção para a importância da amamentação e dos benefícios que este gesto de amor proporciona para os bebês e mamães. Muitas são as dúvidas neste momento. Para esclarecer algumas, a pediatra Silvana Nader, a nutricionista Caroline Tonolli e a fonoaudióloga Marilise Faviane Leivas Floriano, todas profissionais do Hospital Universitário de Canoas (HU), comentam sobre o que é mito ou verdade.
Nutricionista Caroline Tonolli
Existe leite materno fraco?
Mito. Não existe leite fraco. O leite materno é o alimento mais completo e de melhor qualidade nutricional para o bebê. Hoje não existe nenhum tipo de leite ou fórmula infantil que se iguale ao valor nutricional para o bebê. O leite materno traz benefícios e fatores de proteção ao longo da vida.
A alimentação da mãe reflete no leite?
Verdade. A alimentação da puérpera deve ser o mais completa possível, saudável e equilibrada. É indicado não pular refeições, mantendo uma rotina de refeições principais e lanches. Uma boa alimentação reflete no bem-estar da mãe e bebê, além de melhorar a produção de leite.
O leite materno pode ser congelado?
Verdade. Pode ser congelado e estocado por até 15 dias em temperaturas de, no máximo, -3°C ou refrigerado por 12 horas em temperaturas de, no máximo, 5°C. Após descongelado, pode ser refrigerado novamente por até 12 horas, em no máximo 5°C. Para descongelar é indicado o “Banho Maria” com água potável, aquecendo um pouco, mas não fervendo. A temperatura deve estar no máximo em 40°C. Não é indicado descongelar em fogo alto ou microondas por apresentar perdas nutricionais.
Pediatra Silvana Nader
Quando a mãe produz muito leite, a doação pode interferir na amamentação do filho?
Mito. Quanto mais a mãe estimular o peito a produzir leite, mais ela o terá e não faltará para o bebê. O leite é produzido na hora em que o bebê está sugando, mas se a mãe demorar muito tempo para ordenhar, ela vai sentir a mama mais cheia. O leite para de ser produzido, quando não há estímulo, quando o bebê não mama.
Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite?
Verdade. Em momentos de estresse e dor, ocorre o bloqueio do hormônio ocitocina e, com isso, quando o bebê suga, o leite não sai. O bloqueio hormonal modifica o sistema endócrino-imunológico da mãe e, dessa forma, a quantidade de leite pode diminuir. O recomendado é que a mãe descanse sempre que possível.
Quanto mais o bebê mamar, mais leite a mãe produzirá.
Verdade. Quando o bebê começa a sugar, emite uma espécie de mensagem para o cérebro da mãe, que libera os hormônios responsáveis pela produção e condução do leite.
O tipo de parto interfere na amamentação.
Mito. Tanto mulheres que fizeram cesariana, quanto as que tiveram parto normal podem amamentar. O que pode influenciar, no caso de mães que estão sentindo muita dor – devido a problemas de cicatrização, por exemplo –, é que há uma demora maior na descida do leite para os seios. Mas, na maioria dos casos, entre o terceiro e quarto dia após o parto, a mulher já tem leite suficiente para amamentar o bebê normalmente.
A amamentação é um ótimo anticoncepcional.
Nem mito, nem verdade. A amamentação aumenta a produção de prolactina, hormônio que inibe a ovulação. Mas vale uma ressalva: o efeito anticoncepcional só vale nos casos em que o bebê mama regularmente – sempre a cada duas ou três horas, todos os dias, inclusive de madrugada.
Fonoaudióloga Marilise Faviane Leivas Floriano
Mamadeira e chupeta interferem no aleitamento.
Verdade. Mamadeira e chupeta interferem na amamentação pelo posicionamento da língua do bebê. A sucção do leite no peito requer um esforço maior do que a da mamadeira e da chupeta.
A criança deve mamar a cada duas ou três horas.
Mito. Não há uma regra, e a periodicidade varia conforme o bebê. A única recomendação é que a mãe ofereça o leite em “livre demanda”, ou seja, toda vez em que o bebê sentir fome.
É preciso revezar os dois seios para amamentar.
Mito. O ideal é que a mãe não interrompa, deixando o bebê mamar à vontade no primeiro seio. Isso é importante porque somente depois de alguns minutos o bebê consegue atingir o leite posterior, uma porção rica em açúcar e gordura que ajuda a criança a se saciar mais rápido e a ganhar peso.
O tamanho das mamas influencia na quantidade de leite.
Mito. O que determina a quantidade de leite é o hormônio responsável pela sua produção, a prolactina. Além disso, quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido.
A amamentação desenvolve a arcada dentária e favorece a fala.
Verdade. A sucção ajuda na evolução da arcada dentária. O movimento que o bebê faz para mamar também estimula o desenvolvimento dos ossos do rosto e favorece o da musculatura da boca e da face, o que futuramente impactará positivamente na mastigação, deglutição, respiração e fala.
Texto: Assessoria de Imprensa do HU.