Durante dois meses, as paredes dos corredores da Secretaria Municipal de Educação ganharam cores e traços femininos ao serem palco de 17 obras de pintores canoenses. A exposição ‘Universo Feminino – Um olhar intrigante’ encerrou nessa quarta-feira (30), com uma confraternização entre os artistas e funcionários.
As criações são dos artistas Elisabeth Soares Lisboa, Rochele Soares Lisboa, Andrea Hilguet, Claudio Schultz e Walmyr Palma Longoni, e a responsável pela curadoria das obras é Nelly Debastiani. O acervo busca enaltecer a mulher em todas as suas formas e vocações através da arte. E, devido à valorização da comunidade e reconhecimento ao patrimônio artístico de cada um, há consenso entre os cinco artistas ao se considerarem canoenses de coração.
A artista Rochele Soares Lisboa destaca a importância da iniciativa: “É muito difícil para o artista fazer uma exposição porque depende de muitos fatores, inclusive financeiros e, quando se é um artista pouco conhecido é mais difícil de receber convites. Espero que outros órgãos se inspirem nesta ação”.
Conforme a secretária da Educação, Beth Colombo, a ação não é inédita nos corredores de órgãos públicos. “Após as reformas na Secretaria da Educação, decidimos resgatar essa iniciativa, porque além de preencher as paredes brancas com arte e beleza, oferecemos a oportunidade para quem circula pela secretaria de conviver e encantar-se com a arte dos nossos artistas”, destaca ao lembrar que a iniciativa será mantida e outras exposições estão por vir.
Arte como terapia e socialização
Há quem busque expressar suas inquietudes, desenvolver estilo próprio, protestar, ressignificar estereótipos e explorar as marcas que o tempo deixa, mostrando que a beleza também mora na velhice. Não importa o tipo e o instrumento usado, a arte, expressa em qualquer forma, é uma provocação para o observador mergulhar em si mesmo.
Para a artista Elisabeth Soares Lisboa, a valorização da comunidade é um reconhecimento que energiza e inspira. “A gente precisa de um clima para se inspirar, de amigos, pessoas, porque isso nos dá energia. A gente se sente valorizada por estar contribuindo para a cultura e, através dos nossos quadros, conseguir passar uma mensagem”, destaca.
Rochele Soares Lisboa é filha de Elisabeth e ambas compartilharam suas artes na mesma exposição. A veia artística, que é incentivada na família e passa de geração em geração, é usada como tratamento e uma expressão necessária. “Se não nos expressamos através da arte e não colocarmos nosso sentimento para fora, a gente adoece”.
Mensagem através da arte
O recado da artista para quem sente vontade de expressar sua arte mas não se sente capaz é simples mas eficaz. “O importante é não se censurar, esquecer o medo de não agradar. Inovar sem medo”.
Nas 17 obras expostas, a mensagem tem como objetivo a valorização das mulheres, desde a sua forma mais profunda e analítica até a transformação de ser mãe. “É uma valorização que muitas vezes as mulheres não recebem. Nas obras expostas, eu mostro que a mulher está envolvida 24 horas com a família e com o imenso amor oferecido”, destaca Elisabeth.
Descobertas em meio à pandemia
A artista Walmyr Palma Longoni, aos 79 anos, desapegou de velhos conceitos e se permitiu descobrir uma nova forma de desenvolver sua arte na pandemia. “Eu achava que só importava óleo sobre tela, mas pesquisando na internet eu descobri essa técnica que usa tecido e óleo sobre a tela. É a primeira vez que eu faço esse tipo de trabalho, mas gostei muito do resultado”, ressalta.