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Em Canoas, movimento pelo fim da violência abrange mulheres que vivem com HIV

As autoras formam um grupo de apoio que têm a assistência médica no Serviço de Atendimento Especializado (SAE)

Em Canoas, a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas envolve também a atenção às soropositivas e os diversos tipos de agressões de que são vítimas. Para dar visibilidade ao trabalho desenvolvido junto a esse público pelo município, a Secretaria Adjunta de Mulheres e o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), da Secretaria da Saúde realiza a mostra “(Re)Significativas: histórias vividas e discriminação”.

A exibição foi aberta nessa quinta-feira (1º), Dia Mundial de Combate à Aids, e segue até o dia 15. A programação dos 16 Dias de Ativismo está disponível no hotsite www.canoas.rs.gov.br/violênciacontraamulher.

No saguão do SAE, estão expostas fotografias e relatos de mulheres que vivem com o vírus HIV, com o propósito de expressar os impactos da violência, discriminação e preconceito a que são submetidas, além de fortalecer o atendimento e a rede de proteção. A mostra é contada em três caminhos: TARvessias, relatando as vivências do HIV; AfetHIVidades, que busca relatar as relações afetivas, sexuais e sociais, e, por fim, RessignificaTHIvas, trazendo os momentos de enfrentamento. As autoras constituem um grupo de apoio formado por 15 integrantes que têm a assistência médica no SAE.

Conforme a explica a secretária de Mulheres, Rosa Marcella, a ação traz um resgate de casos de violência de gênero. As mulheres que vivem com o HIV, sejam trans ou cisgêneras, sofrem a violência ao serem contaminadas, independentemente da causa. Também sofrem violência quando a transmissão do vírus ocorre através dos parceiros, que muitas vezes não assumem seus atos e as responsabilizam, ou ainda quando são obrigadas a manter relações sexuais de forma desprotegida. “Além da violência doméstica, sofrem a violência moral, psicológica e sexual dentro e fora de casa, pois são julgadas pela sociedade por conta da sua sexualidade. Homens heterossexuais não sofrem preconceito por HIV.”

Para a psicóloga do SAE, Camila Oliveira, a ação busca consolidar não só a rede de apoio, mas as relações comunitárias. Mesmo de forma anônima, já que o sigilo em relação ao vírus é garantido pelo poder público, a coragem demonstrada nos relatos é significativa e terapêutica. “Os depoimentos revelam os pensamentos e sentimentos que elas precisam silenciar, que elas não podem dizer aos outros. A mostra as retira da posição de apenas pacientes e as eleva para a condição de protagonistas”, destaca.

Alguns relatos da mostra

“Quando eu descobri o HIV foi no parto do meu filho (…) quando veio aquele monte de enfermeiras, e assistente social, elas falaram ‘tu não vai amamentar o teu filho’, eu entrei em choque. Meu ex-parceiro me culpava, dizendo que eu passei HIV pra ele, mas ele já sabia que vivia com HIV e nunca me contou (…) Ele deveria ter me contado, eu teria aceitado ele. Eu já tentei tirar a minha vida por causa disso, eu demorei para aceitar, mas ainda não me sinto segura”.

“Eu tinha vontade de matar quem me passou HIV, eu senti raiva, mas eu amava aquele homem”.

“Sinto uma tristeza tão profunda, difícil de explicar, às vezes fico semanas bem e outras só chorando. Perdi de vez a vontade de sonhar…”.

“(…) eu me sinto contaminada e barro relacionamentos, me isolo nesse sentido. É como se eu estivesse ‘suja’, o preconceito meu contra mim mesma”.

16 Dias de Ativismo 
A campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres é promovida anualmente pela ONUMulher para mobilizar indivíduos e organizações em todo o mundo para o engajamento na prevenção e eliminação da violência contra as mulheres e meninas. Em Canoas, o propósito é conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressões e propor soluções para seu enfrentamento. A Secretaria Municipal Adjunta de Mulheres abriu a campanha no último dia 25 e a programação segue até 12 de dezembro.