Notícias

//
https://www.canoas.rs.gov.br/wp-content/uploads/2018/08/Vinicius-Thormann-4-3.jpg

Fórum debateu altas habilidades e superdotação em Canoas

Evento regional reuniu educadores, pais, gestores e representantes de Canoas e de municípios da região.
Download Imagem Original

Foto: Vinicius Thormann

Muitas vezes confundidas com hiperatividade, déficit de atenção ou, até mesmo, com autismo, as altas habilidades e a superdotação ainda apresentam difícil diagnóstico e são temas pouco debatidos na sociedade. Por esse motivo, a Diretoria da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Canoas organizou o I Fórum Regional das Altas Habilidades/Superdotação: construindo saberes, que foi realizado na manhã desta sexta-feira (10), no plenário da Câmara Municipal.

O evento teve o objetivo de colocar o assunto em pauta para conscientizar a sociedade sobre o atendimento diferenciado, que é essencial para estimular e desenvolver pessoas com superdotação. Uma das palestrantes do Fórum e coordenadora da educação especial da Secretaria Municipal da Educação de Sapucaia, Letícia Teixeira, compartilhou as experiências do município e afirmou que “o trabalho vem sendo revisto e ressignificado a cada ano, pois nos adaptamos conforme as necessidades dos alunos”.

Em Canoas, todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental possuem salas de recursos para atender crianças com altas habilidades e superdotação. Como também, realizam a identificação de alunos com essa especificidade. De acordo com o diretor da Pessoa com Deficiência de Canoas, Jair Silveira, quanto antes o diagnóstico de altas habilidades e superdotação for realizado, mais fácil será o processo de inclusão desse aluno na escola e na convivência social. “São crianças taxadas como hiperativas, esquisitas ou estranhas e é função da escola e do professor compreender essa situação, por isso, o debate que o evento proporciona é de suma importância para pensar a educação inclusiva dos municípios da região”, completa o diretor.

O Fórum é uma iniciativa da Diretoria da Pessoa com Deficiência, em parceria com a Diretoria de Educação Inclusiva e a 27ª Coordenadoria Regional de Educação, e faz parte do Calendário Cultural Inclusivo de Canoas, que procura contemplar todos os segmentos de deficiência, debatendo questões pertinentes de cada área.

Altas habilidades e superdotação

Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica do Ministério da Educação, o conceito de altas habilidades/superdotação é utilizado para crianças que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em aspectos isolados ou combinados, como criatividade, capacidade de liderança, talento especial para artes, aptidão acadêmica específica, capacidades psicomotora e capacidade intelectual em geral.

Falta de diagnóstico e preconceito

Uma das presentes no Fórum e mãe do pequeno Guilherme, de 13 anos, que tem superdotação, Lexandra da Silva Rodrigues, comenta sobre os desafios que a família passou até chegar ao diagnóstico e aos estímulos corretos tanto na escola, quanto em casa. Lexandra explica que o filho começou a se desenvolver muito cedo, aos quatro anos já lia e escrevia perfeitamente. Entretanto, o diagnóstico só aconteceu aos oito anos, após uma série de problemas na escola e de realizar consultas com psicólogos, psiquiatras, fazer um mapeamento genético, testes e avaliações. “Aos dois anos, o Guilherme começou a dar muito problema na escola porque ele se negava a desenhar e a fazer tarefas que, para ele, eram muito simples. O estímulo que ele precisava era superior e fora do entendimento das educadoras naquele momento”, lembra a mãe.

Lexandra comenta ainda que Guilherme passou por muitas escolas privadas que não estavam preparadas para compreender o estímulo que o menino necessitava. “Em uma das escolas, descobrimos que, pela dificuldade de socialização, ele sofria bullying e até apanhava dos colegas. Os professores também não conseguiam lidar com ele e compreender o que ele estava passando. O Guilherme acabou diagnosticado com uma depressão infantil grave aos sete anos, o que adoeceu toda a família”, emociona-se Lexandra.

Após ser diagnosticado com altas habilidades e superdotação aos oito anos, Guilherme passou a receber a orientação correta e a estudar em uma escola com professores preparados para atender alunos com essa especificidade. “Hoje, ele tem amigos, consegue fazer trabalhos em grupo e está muito feliz. O estímulo correto é de suma importância para o desenvolvimento da criança e, principalmente, para a inclusão dela nos círculos sociais”, completa.

Pelos desafios que Lexandra e sua família passaram, ela resolveu estudar pedagogia para se aprofundar no assunto e ajudar outras famílias. “É preciso colocar o assunto em debate na sociedade, então, para mim, foi uma grande alegria ver que Canoas tomou essa iniciativa. É a primeira gestão que dá ênfase para altas habilidades e superdotação”, ressalta.

Assessoria de Comunicação