Desde abril de 2019, o município possui um serviço especializado e multidisciplinar destinado aos cidadãos que tenham suspeita de autismo após passarem por uma das 27 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O Ambulatório de Diagnóstico Precoce e Cuidado da Criança e Adolescente com Transtorno do Espectro Autista, pioneiro no Estado, utiliza a mesma estrutura e profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSIJ). A equipe é composta por nove especialistas da saúde, entre psiquiatras, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais.
Nesta quinta-feira (2), lembrada anualmente como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Prefeitura de Canoas divulgou o balanço dos atendimentos de crianças e jovens diagnosticados com o transtorno de desenvolvimento. Por meio das Secretarias Municipais da Saúde (SMS) e da Educação (SME), canoenses recebem tratamento, acessibilidade no ensino e assistência social.
A quantidade de serviços realizados indica a importância do ambulatório para centenas de canoenses. Entre a lista de espera e os atendidos no momento, somam-se mais de 300 crianças e adolescentes. 161 pacientes já foram avaliados desde o início das atividades e 135 destes tiveram diagnóstico de autismo confirmado. Os índices apontam que 105 dos casos tratados são do sexo masculino, o que corresponde a 77,7% do total. Metade do público segue com o acompanhamento dos especialistas, que observam progressos em todas as áreas do desenvolvimento.
Segundo a coordenadora do CAPSIJ, Paola Pasquotto, a implementação do ambulatório permitiu que o sistema público de saúde tivesse conhecimento de uma situação completamente desconhecida na cidade. “Conforme recebíamos os encaminhamentos e convivíamos com as crianças e suas famílias, fomos percebendo a magnitude do quadro e a quantidade de pessoas que precisavam do nosso suporte”, afirma.
Referência para outras cidades do país, o trabalho realizado na saúde mental em Canoas é responsável por divulgar informações, combater a discriminação e promover o respeito aos indivíduos que apresentam o transtorno de desenvolvimento. Para a diretora de Políticas em Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Vanessa Dornelles, o diferencial no trabalho da equipe é que cada diagnóstico positivo adquire um plano terapêutico singular para suprir a carência identificada. “Por mais que existam quadros e sintomas comuns, cada criança precisa ser analisada individualmente para estimular diferentes potencialidades”, disse. A parceria das escolas da rede municipal com os agentes da saúde é responsável por acompanhar cada caso e substituir o número de medicamentos utilizados por atividades lúdicas para evitar o excesso.
Além disso, as famílias são contempladas com atividades de geração de renda, costura, artesanato e apoio psicoterapêutico. Os jovens que passam pelo ambulatório recebem, ainda, a chance de ingressar no mercado de trabalho com empresas parceiras. “Temos muitos casos de sucesso nos quais obtemos oportunidades a quem nunca pôde trabalhar. Nossa atuação vai além da saúde, inserimos o indivíduo na sociedade para que a vida seja levada normalmente”, concluiu.