O setembro amarelo acabou, mas a prevenção ao suicídio segue durante todos os meses do ano. Precisamos continuar chamando a atenção para este assunto que, de 1º de janeiro a 30 de setembro deste ano, 22 pessoas tiraram suas vidas. Neste mesmo período, houve outros 147 casos de lesões autoprovocadas. O número de suicídios é considerado alto, visto que, durante todo o ano de 2021 foram 29 casos.
Os dados do Município apontam que quem mais comete suicídio são os homens, na faixa etária dos 30 aos 49 anos. Já as automutilações são maiores entre as jovens do sexo feminino, com idades entre 12 e 17 anos.
Infelizmente o tema ainda é cercado de tabus que, muitas vezes, impossibilitam que a ajuda chegue para quem precisa e, consequentemente, que vidas sejam perdidas. A assistente social, Simone Glimm, que atua na unidade de epidemiologia da diretoria de Vigilância em Saúde, observa que, ao longo dos anos, há um aumento no número de casos e diminuição da idade das pessoas que cometem suicídio. Em 2021 foram cinco casos ocorridos na faixa etária de 12 aos 24 anos. Neste ano, já aconteceram 4 episódios nesta mesma faixa etária.
“Precisamos falar dos números, não para assustar as pessoas. Mas para que todos tenham noção da gravidade da situação que, infelizmente, acontece em todo o mundo.”
Simone explica que o suicídio vem cercado de diversos mitos, que pejudicam a identificação dos casos e que, muitas vezes, impedem que quem está ao entorno da pessoa em situação de risco perceba os sinais de que algo ruim está acontecendo.
“Ninguém acorda dizendo hoje vou tirar minha vida. A pessoa apresenta ao longo de um tempo o sofrimento psíquico e começa a dar diferentes sinais de alerta, como forma de pedir ajuda. Até perder toda esperança e querer acabar com a sua dor, com o sofrimento psíquico e comete o suicídio. Mas se conseguimos detectar estes sinais, podemos ajudar ela a mudar de ideia”, enfatiza Hildegard Marlene Tietz Godinho, assessora técnica da Secretaria Municipal da Saúde. Dentre os sinais mais comuns estão a tristeza, o choro, isolamento social, insônia ou sono excessivo, agressividade e automutilações.
As especialistas observam que a pandemia aumentou significativamente os quadros de ansiedade, inclusive em jovens e crianças e, com isso, a presença do sofrimento prematuro. Com a criança, a rede de acolhimento envolve não só os espaços de saúde, mas também a escola, grande aliada para identificar possíveis casos de risco. Este público também está mais aberto para falar de suas dores, facilitando a busca por ajuda. Já os adultos são mais fechados e receosos. “O adulto acha que pode resolver tudo sozinho. Custa a procurar ajuda”, diz Hildegard.
A rede de acolhimento
Canoas tem cinco Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), espaços que oferecem atendimentos para pessoas em sofrimento psíquico. Os Caps são “portas abertas”, ou seja, recebem diretamente os usuários, independente da idade, sem a necessidade de encaminhamentos.
Simone explica que nestes locais, equipes multidisciplinares estão preparadas para avaliar o usuário. Em casos mais graves, que necessita de um cuidado mais imediato, como uma internação, por exemplo, este já é feito via CAPS
Dados de suicídio e automutilações em Canoas
Ano – Casos Suicídio
2020 – 38
2021 – 29
2022 – 22 (Janeiro a Setembro)
Ano – Casos de Automutilações
2021 – 271
2022 – 147 (Janeiro a Agosto)
Serviço:
CAPS II Novos Tempos
Horário: segunda a sexta-feira, 8h às 18h
Endereço: Rua São Caetano, 102 – Bairro Marechal Rondon
Telefone: 3076-9741
CAPS AD III Amanhecer
Horário: diariamente (24 horas)
Endereço: Rua 15 de Novembro, 82 – Bairro Nossa Senhora das Graças
Telefone: 3076-9743
CAPS AD III Travessia
Horário: diariamente (24 horas)
Endereço: Av. Guilherme Schell, 6250 – Centro
Telefone: 3076-9742
CAPS III Recanto dos Girassóis
Horário: diariamente (24 horas)
Endereço: Rua Frederico Guilherme Ludwig, 180 – Centro
Telefone: 3076-9744
CAPS I Arco-Íris
Horário: segunda a sexta-feira, 8h às 18h
Endereço: Rua Major Ernesto Wittrock, 51 – Centro
Telefone: 3199-1525