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Primeira turma de imigrantes se forma no curso de Português e Cidadania em Canoas

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Foto: Vinicius Thormann

Mais uma barreira vencida. Mais um sonho realizado. Esses foram os sentimentos de 25 imigrantes, entre haitianos e venezuelanos, ao receberem o diploma do curso de Português e Cidadania na noite de quarta-feira (6), em Canoas. O evento foi realizado no auditório Sady Schivitz, e contou com a participação de familiares dos formandos, autoridades municipais e a comunidade em geral. O destaque da formatura foi o discurso do haitiano Romario Negriel, que agradeceu aos canoenses pela hospitalidade e pela oportunidade de recomeçar a vida no município, o que emocionou a todos os presentes. Romario pretende cursar letras e continuar no projeto como professor voluntário de Francês.

O curso foi desenvolvido pela Diretoria da Igualdade Racial e Imigrantes, vinculada à Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Participação Social (SMDHPS), em parceria com a Secretaria Municipal da Educação (SME) e com voluntários da sociedade civil. A iniciativa teve o objetivo de oportunizar, de forma gratuita, o acesso ao estudo da língua portuguesa, bem como a inserção social e no mercado formal de trabalho dos imigrantes, garantindo seus direitos como cidadãos. As aulas aconteceram na Casa de Artes Villa Mimosa e nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Nancy Pansera, no bairro Guajuviras, e Santos Dumont, no bairro Niterói.

De acordo com a diretora da Igualdade Racial e Imigrantes, Joana Tavares, o curso foi desenvolvido em três módulos: Iniciante, intermediário e avançado. Cada módulo tem duração de três meses e aborda temas como: “cheguei ao Brasil” (apresentação pessoal, alfabeto, números, pronomes pessoais, adjetivos possessivos, pronúncia e oratória), raça e etnia, sociedade e educação, direitos das crianças, igualdade de gênero, trabalho, respeito às diferenças, transporte público, liberdade de crença, história do Brasil, folclore gaúcho, direitos humanos, eleições e sistemas de governo, entre outros.

“O curso surgiu a partir da iniciativa da professora Maristela Farias que, de forma voluntária, oferecia aulas em sua própria casa. Na metade deste ano, firmamos uma parceria, em que a Diretoria passou a montar e a formatar o curso, juntamente com a Secretaria da Educação. Também buscamos professores voluntários para dar as aulas e, hoje, conseguimos proporcionar essa formatura para os alunos. Sabemos que a língua é a primeira barreira a ser vencida em uma nova cultura, por isso, tivemos essa preocupação em oportunizar o curso para os imigrantes”, afirma Joana.

Há três anos e seis meses no Brasil, a economista Ona Salien trabalha nos serviços gerais em Canoas e, para ela, aprender português é apenas um passo para conquistar seu grande sonho: poder estudar para voltar a trabalhar em sua área. “O mercado de trabalho ainda é muito restrito para os imigrantes. Precisamos estudar e nos capacitar para conquistar as vagas de emprego que desejamos. E ler e falar o português de forma fluente é fundamental para essa conquista”, destaca.

O português também é a ponte para a conquista de um sonho maior para a haitiana Nancy Nagaus, que quer trabalhar para poder pagar a passagem para seu filho de sete anos, que permaneceu no Haiti com a avó materna. “A saudade do meu filho é muito grande, quero muito trazer ele para o Brasil. Com o português, vai ser mais fácil arranjar emprego para poder pagar a passagem para ele”, emociona-se.

Maristela Farias, que iniciou dando aulas na sala de sua casa, em 2016, e que atua no projeto como coordenadora pedagógica, salienta que o apoio da Prefeitura foi fundamental para atingir mais imigrantes e proporcionar um curso mais sistematizado e elaborado. “O projeto ainda está dando os primeiros passos, mas, acredito que, a partir disso, iremos conseguir mobilizar mais voluntários e parceiros para futuros cursos, tanto de português, quanto de cidadania”, completa.