A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) de Canoas realizou na manhã desta terça-feira (18) uma ação na empresa Lacerda, apontada como a responsável pela contaminação do lençol freático no bairro Niterói. Ficam suspensas, até a finalização de todos os estudos técnicos, as atividades de galvanoplastia, ou seja, o processo para recobrimento metálico de objetos com o cromo. Permanecem aptas todas as outras atividades realizadas na empresa. A ação tem o aval do Ministério Público e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam).
De acordo com a titular da Diretoria de Licenciamento, Fiscalização e Monitoramento, Vera Maria Bini, a medida é preventiva até que todos os estudos sejam finalizados. “Entendemos que a empresa precisa melhorar a contenção nos recipientes de cromo. Atualmente, eles não apresentam vazamentos, mas ainda há melhorias a serem realizadas em relação à contenção. Queremos deixar claro que não estamos interditando a empresa, estamos apenas suspendendo a operação de galvanoplastia, como ficou acordado junto ao Ministério Público após uma série de reuniões”, explica.
Vera Maria Bini ainda salienta que a empresa técnica responsável pelos estudos está emitindo laudos para a SMMA, então, até o momento, não houve a necessidade de suspender a atividade. “Com a instauração do inquérito criminal por parte do Ministério Público, fomos orientados a suspender a operação do banho de cromagem até a finalização de todos os estudos e a apresentação do plano de remediação”, ressalta a diretora.
Contraponto
O proprietário da empresa, Paulo Roberto Lacerda, afirma que todas as medidas estão sendo tomadas, desde a primeira notificação. “Estamos colaborando com a Secretaria e estamos cumprindo todas as resoluções. A contaminação não foi algo intencional, nos 52 anos de atividades da empresa, nunca houve um acidente ou um derrame de cromo. Portanto, acreditamos que tenha sido algo pontual que aconteceu há muitos anos”.
Lacerda ainda comenta que a empresa contratada para a análise técnica já iniciou o estudo, e os resultados preliminares demonstram uma redução significativa de contaminantes à medida em que a análise se afasta do local onde ficam os recipientes de cromo. “Entendemos a precaução da Prefeitura e dos órgãos responsáveis, mas acreditamos que os resultados vão demonstrar que a contaminação não é extensa, uma vez que utilizamos pouco cromo em nosso processo. Todos os resíduos da empresa têm a destinação correta”, completa.
Entenda o caso
No dia 5 de dezembro, a Prefeitura de Canoas emitiu um comunicado oficial de alerta para a população do bairro Niterói, após a confirmação de contaminação na água do lençol freático devido à presença do metal cromo. Técnicos da Secretaria estavam investigando as origens da contaminação desde outubro. Após a confirmação da gravidade e da origem, a empresa responsável foi notificada para realizar os processos de identificação da extensão da contaminação. A necessidade dessa identificação segue as orientações da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) e servirá de subsídio para que a Fundação defina o grau de remediação a ser executado.
O Secretário da SMMA, Paulo Renato Paim, afirma que a contaminação é apenas da água subterrânea: “Enfatizamos que a água disponibilizada pela Corsan não apresenta problemas e está apta para consumo, visto que o fornecimento é realizado pela Estação de Tratamento de Água (ETAS)”. Entretanto, Paim faz o alerta para que a população evite o contato direto com a água subterrânea e não a utilize para consumo, para irrigação de hortaliças e de frutíferas até que esteja bem caracterizada a abrangência da contaminação.
Enquanto não se conhece exatamente a extensão da contaminação, como medida de cautela, o Programa Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) da Vigilância Sanitária de Canoas considera como áreas de risco as ruas Júlio de Castilhos, Garibaldi, Minas Gerais e Alegrete, todas desde a BR-116 até a rua Fernando Ferrari.